“Ardeu uma biblioteca”, diz o produtor de programas de José Hermano Saraiva
Sandra Henriques, RTP notícias 20 Jul, 2012, 14:27
O produtor de televisão José António Crespo, que trabalhou com José Hermano Saraiva durante 20 anos, compara a morte do historiador a um incêndio numa biblioteca, destacando o vasto conhecimento que tinha sobre a História de Portugal.
http://youtu.be/sBYyjCb3lgo
Em declarações à Antena1, José António Crespo descreve José Hermano Saraiva como um iluminado, um visionário, um grande comunicador e um homem notável.
Biografia
José Hermano Saraiva
Nasceu em Leiria a 3 de Outubro de 1919 - faleceu em Setúbal a 20 de Julho de 2012. Foi professor e historiador português.
Ocupou o cargo de Ministro da Educação entre 1968 e 1970.
Terceiro filho de José Leonardo Venâncio Saraiva e de sua mulher Maria da Ressurreição Baptista, cresceu em Leiria, onde frequentou o Liceu Nacional. Posteriormente ingressou na Universidade de Lisboa, onde se licenciou em Ciências Histórico-Filosóficas, em 1941, e em Ciências Jurídicas, em 1942. Iniciou a sua vida profissional no ensino liceal, que acumulou com o exercício da advocacia.
Desse modo foi professor e, seguidamente, director do Instituto de Assistência aos Menores, reitor do Liceu Nacional D. João de Castro, em Lisboa, e professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina (actual ISCSP).
Envolvido na política, durante o Estado Novo, foi deputado à Assembleia Nacional, procurador à Câmara Corporativa e ministro da Educação.
Durante o seu ministério, entre 1968 e 1970, enfrentou um dos momentos mais conturbados da oposição ao Salazarismo, com a Crise Académica de 1969.
Quando deixou o Governo, substituído por José Veiga Simão, foi exercer o cargo de embaixador de Portugal no Brasil, entre 1972 e 1974.
Com o advento da Democracia, José Hermano Saraiva tornou-se numa figura apreciada em Portugal, bem como junto das comunidades portuguesas no estrangeiro, pelos seus inúmeros programas televisivos sobre História de Portugal.
Por esse mesmo motivo, tornou-se igualmente numa figura polémica, porque a sua visão da História tem sido, por vezes, questionada pelo meio académico.
Voltou a leccionar, como professor convidado na Escola Superior de Polícia (atual Instituto Superior de Ciências Policiais e de Segurança Interna) e na Universidade Autónoma de Lisboa.
Pela sua grande capacidade de comunicação, popularizou-se com programas televisivos sobre História e cultura.
É membro da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia Portuguesa da História e da Academia de Marinha, membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, no Brasil e Sócio Honorário do Movimento Internacional Lusófono. Recebeu a grã-cruz da Ordem da Instrução Pública, a grã-cruz da Ordem do Mérito do Trabalho e a comenda da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, em Portugal, e a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco do Brasil.
Ficou classificado em 26º lugar entre os cem Grandes Portugueses, do concurso da RTP1.
É irmão do professor António José Saraiva e tio do jornalista José António Saraiva.
É também sobrinho, pelo lado da mãe, de José Maria Hermano Baptista, militar centenário, (n. 1895 - m. 2002, viveu até aos 107 anos) o último veterano português sobrevivente, que combateu na Primeira Guerra Mundial.
Casou com Maria de Lurdes de Bettencourt de Sá Nogueira, sobrinha-bisneta do 1.º Marquês de Sá da Bandeira, de quem tem cinco filhos.
Morreu a 20 de Julho de 2012 aos seus 92 anos, em Setúbal, onde residia.
Distinções especiais
· Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública
· Grã-Cruz da Ordem do Mérito do Trabalho
· Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa
· Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco
· Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique
Obra
História de Portugal, dirigida por José Hermano Saraiva.
Orações académicas editadas pela Academia das Ciências de Lisboa
· Testemunho Social e Condenação de Gil Vicente (1976);
· A Revolução de Fernão Lopes (1977);
· Elementos para uma nova biografia de Camões (1978);
· Proposta de uma Cronologia para a lírica de Camões (1981-82):
· Evocação de António Cândido (1988);
· No Centenário de Simão Bolívar (1984);
· A crise geral e a Aljubarrota de Froyssart (1988).
Trabalhos pedagógicos
· Notas para uma didáctica assistencial (1964);
· Aos Estudantes (1969);
· Aspirações e contradições da Pedagogia contemporânea (1970);
· A Pedagogia do Livro (1972);
· O Futuro da Pedagogia (1974).
Trabalhos jurídicos
· O problema do Contrato (1949);
· A revisão constitucional e a eleição do Chefe do Estado (1959);
· Non-self-governing territories and The United Nation Charter (1960);
· Lições de Introdução ao Direito (1962-63);
· A Crise do Direito (1964);
· Apostilha Crítica ao Projecto do Código Civil (1966);
· A Lei e o Direito (1967).
Trabalhos históricos
· Uma carta do Infante D. Henrique (1948);
· As razões de um Centenário (1954);
· História Concisa de Portugal (1978), trad. em espanhol, italiano, alemão, búlgaro e chinês;
· História de Portugal, 3 Vols – Direcção e co-autoria (1981);
· O Tempo e a Alma, 2 Vols (1986);
· Breve História de Portugal (1996);
· Portugal – Os Últimos 100 anos (1996);
· Portugal – a Companion History (1997);
Para uma História do Povo Português
· Outras maneiras de ver (1979);
· Vida Ignorada de Camões (1980);
· Raiz madrugada (1981);
· Ditos Portugueses dignos de memória (1994);
· A memória das Cidades (1999).
Programas de televisão
· Série: O Tempo e a Alma (RTP, 1972)
· Série: Histórias que o Tempo Apagou (RTP, 1994)
· Série: Lendas e Narrativas (RTP, 1995)
· Série: Horizontes da Memória (RTP2, 1996)
· Série: A Alma e a Gente (RTP2)
Wikipédia - Google
Este sapiente professor, que hoje iniciou a sua longa viagem, após uma longa carreira e vida, foi um grande da nossa cultura.
Portugal deve-lhe muito pelo ensino e divulgação de locais e personagens desta terra, sempre de uma forma interessante e carismática, que prendia quem o escutava, mesmo que por vezes o tema não fosse dos hábitos comuns.
Pode ter tido momentos infelizes, no que respeita à crise académia de 1969 em Lisboa, e como a enfrentou, sendo na altura Ministro da Educação, mas na minha opinião Portugal ganhou em raízes cúbicas o que eventualmente terá perdido no quadrado de uma atitude política bastante triste.
Nos meus anos de estudos, por minha infelicidade ou incapacidade de entendimento, sempre me irritavam a esmagadora maioria dos professores.
Achava-os autênticos papagaios, debitando sempre um monocromático discurso...blá...blá...blá...ausente de tons fortes.
Uma seca, no jovem português tuga de agora.
Exceção a um meu professor de História que tinha o dom de palavra e de prender os alunos.
Na generalidade grande parte dos alunos, nas suas várias turmas, tinham notas positivas.
Estou certo que por ele, fiquei viciado no tema, e ao ouvir o professor Hermano Saraiva, muito me vêm à lembrança aquele antigo mestre.
História de Portugal, são uma das minhas leituras de eleição e desde há anos que não perco os programas do Professor José Hermano Saraiva, mesmo as repetições e repetições de repetições.
Sempre, ao as rever diariamente às 13h, apanho um ou outro novo pormenor interessante que tinha escapado.
Pena não haver céu...o professor poderia dar a conhecer aos anjos as nossas ilustres gentes e muitos recantos desta nossa linda terra, agora tão mal tratada.
Obrigado Professor, por tudo o que com o senhor aprendi, e me motivou a buscar mais, nas estradas do conhecimento. JJ
20 de julho de 2012
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