31 de agosto de 2008
Vendedores Ambulantes de antanho
Ainda há quem recorde os tempos em que estes Vendedores Ambulantes percorriam de manhã à noite as ruas de Lisboa e outras cidades de Portugal.
Os seus pregões característicos, enchiam os ares de cantilenas a puxar ao artigo oferecido.
Nem hoje se pode imaginar o sabor que tinha a fruta, os bolos secos, a fava rica, os frutos secos, as galinhas e patos, os ovos e legumes...enfim, afinal tudo o que se consome hoje, já empacotado, etiquetado e sem sabor nas grandes superfícies comerciais.
Hoje em dia os morangos são todos enormes, da mesma cor ...mas não tem cheiro ou sabor !!
O melão...sabe a abóbora, os peros e pessegos sabem a remédio !!
Felizmente que ainda se consegue comprar em mercaditos de bairro, produtos de sabor genuíno, com cheiro e paladar quase como antigamente.
Ontem comi 15 peras carapinheiras que me souberam pela vida...lembram-se, é uma pera pequenina, rosadinha ?...pois é, não são comercializadas nos hiper's !!
E as "ranchadas" de perus que pelo Natal invadiam a cidade, com os lavradores de cajado na mão, e a descutirem afincadamente os preços.
E os Amoladores de facas e tesouras, que também arranjavam chapéus de chuva e até punham fundos de zinco às panelas velhas.
A Fava Rica, muito quentinha e cheirosa, que as vendedeiras traziam numa enorme panela à cabeça envolta em panos para se manter quente.
Uma "pratada" era um almoço.
A Lingua da Sogra, em canudos ou espalmada, que vinha num cilindro com uma roleta no topo. Andava á roda e o número que saisse era a quantidade de bolachas.
E claro as peixeiras ladinas, de canasta à cabeça e pregão da "olha a vivinha da costa"sempre com a resposta pronta na ponta da lingua para as freguesas mais esquisitas e chatas.
Pregões de Lisboa
Autor: Euclides Cavaco
Mal rompeu a madrugada,
Já Lisboa era acordada,
Com seus pregões matinais,
Pena varina peixeira,
Lá prós lados da Ribeira,
Ou o ardina dos jornais.
A Rita da Fava Rica,
Que vem do Bairro da Bica,
Traz pregões à sua moda,
E o homem das cautelas,
Diz pelas ruas e vielas,
Amanhã é que anda a roda...
Apregôa-se a castanha,
Desde o Rossio ao Saldanha,
Os pregões são sempre assim,
Flores na Praça da Figueira,
E diz cada vendedeira
Ó freguês...compre-me a mim !...
E de canastra á cabeça,
Quase até que anoiteça,
E há em mil bocas pregões,
Mas não se vê já passar.
A figura popular,
Da Rosinha dos Limões
Euclides Cavaco
JJ edição de fotos
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Esta nota sobre as profissões na antiguidade, está o que se chama uma maravilha. Fez-me também recordar o passado.
Por peras carapinheiras... que por acaso também as comprei um dia destes na mercearia aqui do bairro, sou como tu.... não me contento só com duas ou três, nem sequer as descasco, levar e vão direitinhas à boca.
Curioso é as minhas netas irem no mesmo "hábito" quer com as peras, como tabém com as maças "riscadinha".
Justão, não sei te lembras do electrico que fazia o trajecto de Sintra à Praia das Maças. Ele atravessava tudo que era quintas e quintais que estavam carregados de arvores de frutas e dessas que tu falas.
Como "aquilo" andava com pouca velocidade, traquinas, era vê-lo saltar e ir à "chinchada", perante a descordância da D. Georgina.
Já agora vê lá se descobres algo sobre este electrico, no passado e no presente.
Pelo este trabalho publicado 3 queijos
Raulão
Também as minhas mulheres adoram a fruta "directamente do produtor".
Este mês de Agosto, todas as pequenas mercearias daqui - há seis - estão fechadas.
Temos comprado a fruta no PD e é uma desgraça...em 10 melões, lá aparece um mais-ou-menos, nem sequer é de eleição.
O resto da fruta é o mesmo !!
Vou fazer pesquisa sobre o Eléctrico de Sintra, e se arranjar material, faço um trabalhito.
Mais sujestões sabes que são bem vindas, que eu por vezes não sei o que por.
Um abração Zé
Enviar um comentário